Um presente para o papai

Capitulo 1
Pov Julia
Meu Querido diário...
Hoje papai estava triste com o rosto grudado no travesseiro. Será que ele tentava sentir o 
cheiro da mamãe como eu faço todas as noites? Vovó diz que ele sente muito a falta dela. Mas é 
que faz tanto tempo. Eu mal me lembro do rosto dela sem que eu veja alguma foto. Papai diz que 
eu sou a cópia dela. Ele diz que eu não posso entender porque ele fica daquele jeito o tempo 
todo. Diz que eu ainda sou muito criança para entender o que é saudades. 
Mas eu sinto saudades da mamãe. Sinto saudade do cheirinho do cabelo dela quando ela saia do 
banho. Sinto saudades de quando ela lia para que eu dormisse. E sinto saudade da sua voz que 
eu mal consigo me recordar do som, mas sinto saudades.
Um dia perguntei a vovó se um dia o Papai beijaria outra mulher sem ser a mamãe e ela disse: 
"Fernanda foi muito importante para o papai querida" Quando for a hora certa tenho certeza
de que isso acontecerá...”
Só queria arrumar um presente perfeito para que papai não ficasse mais triste.

- Julia! — a menina fechou o pequeno diário e o enfiou embaixo do travesseiro ao ouvir a avó 
chamá-la do andar de baixo. Pulou da cama e desceu em passos rápidos até a cozinha.
— O almoço está pronto. — Melissa disse enquanto fazia uma trança desajeitada n cabelo Loiro
Melissa sentou-se no banco comprido em frente à copa e esperou que sua avó a servisse.
— Já arrumou seus materiais? — Julia afirmou com a cabeça e começou a devorar o prato de massa.
 — Precisamos arrumar uma babá para hoje à noite. — suspirou — Vou sair com seu avô e seu pai 
tem uma festa da empresa para ir.
— Quem sabe ele não acabe beijando alguém por lá... — Julia disse sorrindo divertida para a avó.
— Já conversamos sobre isso querida. Quando ele estiver pronto.
— Eu não gosto de babás vovó. Elas são tão burras e ficam penduradas no telefone a noite toda. 
E além do mais me tratam como se eu fosse uma criança! — a menina bufou estupefata.
— Ah meu Deus! Não me diga isso filha! Vou falar com a agência sobre isso. Onde já se viu tratar 
uma garota de sete anos como uma criança?! — Melissa brincou colocando as mãos na cintura 
enquanto segurava a risada. Julia era uma menina muito esperta para sua idade. — Vamos arrumar 
uma mulher mais velha. A última adolescente nos deu trabalho.
— É. — Julia suspirou com pesar — A peguei de olho nas cuecas do papai. O que ela queria com 
as cuecas papai?
Melissa gargalhou e aproximou-se da neta beijando-lhe ternamente a testa.
— Você é a criatura mais estranha que eu já vi em toda a minha vida. Seu pai te merece em todos 
os sentidos. Ande, acabe de comer para que eu possa te levar até a escola.


Capitulo 2
Há três anos, uma mulher chamada Fernanda Aguiar,uma mãe e esposa amada sofrera de um mal 
chamado câncer. Em questão de meses a mulher definhara em um hospital. A doença a atacara de tal 
maneira que bastaram quatro meses após o diagnostico para que Fernanda viesse a falecer deixando o 
marido e a pequena filha de apenas Treis anos.
Julia na maioria das vezes precisa se esforçar para se lembrar do rosto da mãe, pois era muito 
pequena quando a mesma partiu. Era uma menina inteligente e com vontade de aprender. Era fácil 
para ela aprender as coisas que lhe ensinavam. Com sete anos Julia já lia em um ritmo mais 
rápido que as outras crianças e já escrevia muito bem. Tudo isso graças as coisas que sua mãe 
deixara. Não somente os genes, mas em sua maioria livros e anotações.Fernanda era professora de 
literatura e ao morrer deixara inúmeros livros, esses que Julia fazia Arthur ler para ela 
durante todas as noites. Era difícil para ele criar uma menina sozinho e ainda ter que ser forte
por ela. Mas graças a Deus ele possuía uma mãe que era uma avó muito dedicada e que o ajudava
a cuidar da filha desde que a mulher se fora.
— O que está fazendo? — Melissa perguntou a neta quando a viu descer as escadas vestida em 
uma camisa social de ir à missa e uma saia caqui até os joelhos. Os cabelos lisos estavam presos
 em um coque torto no alto da cabeça e nas mãozinhas um caderninho e um lápis.
— Vou entrevistar as babás, O que mais eu estaria fazendo vovó? — ela respondeu dando de ombros.
— Mas Julia... — Melissa foi interrompida pelo som estridente da campainha. — Acho que temos 
a primeira candidata. 
Julia se sentou na poltrona branca da sala e cruzou as perninhas enquanto esperava sua avó 
abrir a porta. Melissa convidou-a a entrar e fechou a porta.

— Ju, essa é Lorena, Lorena esta é a Julia. — a menina analisou a mulher baixa e gorducha que 
se sentou no sofá em sua frente. Seu sorriso era amarelado e um papo de gordura formava-se 
embaixo de seu queixo.
— Não vovó. — sussurrou para Melissa que já estava sentada ao seu lado — Ela é meio gordinha.
Melissa olhou para a mulher em sua frente, que já não sorria completamente constrangida.
E a partir daí Melissa não pôde mais controlar a neta.
“Muito alta.”
“Magra demais.”
“Muito velha.”
“Argh vovó! Essa agência manda babás ou mulheres para uma repaginada? Não somos um salão de 
beleza.”
— Ai menina. Queremos uma babá e não uma namorada para o seu pai. Já te expliquei isso
— ...quando ele estiver pronto. — completou a menina imitando a voz da avó. — Eu sei, eu sei...
Mas veja como um presente. Ok? Um presente para ele ficar feliz!
A campainha tocou novamente fazendo Melissa levantar.
— Essa é a última Julia. Se não estiver de bom tamanho vou te deixar na casa da Alice! 
— O QUE? Ela vai querer me fazer ver aquele desenho idiota da Barbie! Tudo vovó! Tudo menos 
isso! Não me deixe com ela! Por favor, por favor, por favoooor! 
Melissa riu e deu as costas indo até o hall de entrada para abrir a porta.
Ao ver a mulher que entrava acompanhada por sua avó,Julia teve certeza de que seria ela. Não 
era gorda, mas também não era muito magra. Seus cabelos eram Loiros caindo como em 
cima de seus ombros. Não era uma adolescente, mas também não era uma velha. Seus olhos eram 
castanhos e calorosos. Possuía duas fileiras de dentes brancos e seu sorriso lembrava o de sua 
mãe. Uma das poucas coisas com que se recordava com nitidez da mae.
— Olá. Meu nome é Lua. Você deve ser a pequena Julia. Vi sua foto no jornal. — a moça dos 
cabelos Loiros disse abaixando-se e dando um beijo estalado na bochecha da menina.
— Então você não veio pela agencia? — Melissa indagou.Julia continuava estática 
observando Lua. Era perfeita! O presente perfeito!
— Não, Vi o anuncio no jornal. — Melissa franziu o cenho. 
— Anuncio no jornal? Mas nós não colocamos nenhum anúncio no... — olhou para a neta que 
mordia o lábio e mexia nervosamente na espiral do caderno. — Bom, parece que alguém o colocou. 
Julia não aprova as babás da agencia. 
Lua sorriu para ela novamente e novamente Julia teve certeza de que era ela.

Capitulo 3

— Na geladeira estão os números do meu celular, do restaurante, do celular de Arthur e o
 da emergência. — Melissa disse pegando a bolsa em cima do sofá — Arthur deve chegar
apenas de madrugada. Mas a levará para casa. Se sentir fome ou sede fique a vontade para abrir
a geladeira e os armários. Julia costuma falar demais, é agitada, mas ás dez horas está
desmaiada na cama. Mande-a ir para o banho ás sete horas! Ela vai inventar mil desculpas para
não fazê-lo. Julia é boa em enrolar as pessoas com aqueles olhos pretos enormes que ela tem
e... — Melissa parou olhando para Lua que segurava uma risada — Estou sendo ridícula não é?
 Mas estou tão acostumada a cuidar dela eu mesma que... É difícil deixá-la com outra pessoa. No
entanto você me parece uma pessoa ótima Lua.
— Tudo bem senhora. Vamos ficar bem. Não se preocupe. Tenho duas sobrinhas, sei como é.
— Claro. Então tudo bem. Tchau querida. Comporte-se e não tente enrolar a Lua!
— Beijo vó, também te amo! — Julia gritou da cozinha.
Melissa riu e despediu-se de Lua que trancou a porta e foi até a cozinha onde Julia lavava
seu prato. Apesar de ser incrivelmente esperta, Julia era uma garotinha pequena e mimada. Os
cabelos eram cortados um pouco abaixo dos ombros e os olhos eram completamente negros como os
da mãe.
— E então, ainda falta uma hora para o seu banho. O que vamos fazer? — Lua perguntou.
— Não vai querer ver TV? As babás fazem isso enquanto eu fico no meu quarto.
— Bom, digamos que eu sou uma exceção a regra. Afinal o que há de tão bom em uma TV? Ela não
 pode me responder! — Lua disse sorrindo de maneira terna para a menina. — Está quente e você
tem uma piscina enorme nos fundos
— Papai não me deixa entrar na piscina depois que o sol some. — Julia resmungou.
— Hmm... Mas sua avó me disse que seu pai chega apenas de madrugada. Será o nosso segredinho.
Lua piscou para a menina que abriu um largo sorriso.
— Lua eu já te amo! Vou colocar o biquíni! — a menina passou como um furacão por Lua e
disparou pelas escadas. 

Capitulo 4

Depois de passarem um bom tempo dentro da piscina,Lua tirou Julia da água e a levou para
cima. Após o banho Lua secou os cabelos da garota e aproveitou o secador para dar um jeito
no biquíni molhado dela para esconder as provas de Arthur.
— Lua, lê pra mim? — Julia perguntou enrolando-se no lençol.
— O que você quer que eu leia?
— Papai está lendo “Sonho de uma noite de verão”. — Lua franziu o cenho e pegou o livro em
cima da cômoda que Julia apontara.
— Isso não é meio... hmm... Adulto para você? — Julia deu de ombros e Lua entendeu o que
Melissa dissera sobre ela ser uma menina difícil — Tudo bem... Vamos ver onde ele parou.
Não demorou muito para que Julia caísse em um sono profundo... E Lua também. Ela dormira
com a cabeça de Julia aconchegada em seus braços,Emboladas apesar da cama ser de casal.
Lua despertou minutos depois com sua coluna protestando a posição em que estava. Escutou
Julia ressonar tranquilamente em seus braços e saiu dali em movimentos cuidadosos para não
despertá-la. A cobriu novamente e beijou-lhe carinhosamente os cabelos Lioros Lisos.
Saiu do quarto e encostou a porta. Ao virar-se um grito escapou-lhe da garganta ao topar com
alguém que cobriu-lhe a boca com a mão abafando o som.

— Calma. — a voz masculina e rouca por sussurrar soou em seus ouvidos. — Se eu a soltar...
Promete que não vai gritar? — Lua não o via muito bem, pois o corredor estava escuro. Ela
afirmou com a cabeça e sentiu a mão macia soltar-lhe um dos braços e a outra sair devagar de
sua boca. — Você deve ser a babá. — o homem disse acendendo a luz com o rosto a centímetros do
dela.
— Você deve ser Arthur... — ela sussurrou envergonhada.Arthur pigarreou e se afastou
rapidamente — Desculpe-me eu... Eu me assustei. Não o havia visto...
— Tudo bem. Não quis acordá-la...
— Lua. — ela respondeu tirando a franja dos olhos. 

Capitulo 5

— Você quer que eu a leve para casa,Ou você pode ficar e dormir no quarto de hóspedes.
ele disse tentando desviar os olhos dos olhos amendoados de Lua. Ela era uma mulher linda e
lhe agradou ver a maneira carinhosa com que cobriu Julia ao sair do quarto.
— Ah... Se você estiver cansado demais para me levar., Acho que posso ficar. Amanhã é sábado
mesmo então acho que tudo bem. — ela respondeu ainda envergonhada.
— Então estamos acertados. O quarto fica no final do corredor. Se precisar de alguma coisa...
— Claro. Boa noite.

Lua caminhou até o final do corredor como Arthur havia dito. Olhou para trás, mas ele
já não estava lá. Arthur era absolutamente lindo e possuía um cheiro inebriante. Mas
tratou logo de afastar tais pensamentos. Ele era, de certa forma, seu chefe não havia cabimento
ela pensar nele de qualquer maneira que não fosse aquela.
Lua acordou pela manhã com Julia a cutucando. Coçou os olhos e sorriu ao ver o sorriso da
menina.
— Bom dia Lua. O café da manhã está pronto.
— Que horas são? — ela perguntou erguendo o pulso — AI MEU DEUS! São dez horas. Eu apaguei!
ela se levantou apressadamente calçando as sapatilhas.
— Não quer ficar? — perguntou Julia chorosa.
— Desculpe. Mas a minha mãe está me esperando. — ela respondeu levantando-se.
— Você mora com a sua mãe? — perguntou Julia enquanto desciam as escadas.
— Não exatamente. Diga ao seu pai que eu venho na segunda acertar com sua avó. — disse abrindo
a porta.
— Ta bem. Tchau Lu. — Lua abaixou-se dando um leve abraço em Julia e se foi.
Capitulo 6
— Onde está Lua? — Arthur perguntou à Julia ao vê-la entrando na cozinha.
— Foi para casa. Disse que a mãe dela a estava esperando. — Arthur assentiu e voltou a ler
a parte de esportes do jornal. Julia enfiou a colher no cereal e o remexeu no meio do leite.
— O que você achou dela papai?
Arthur franziu o cenho e a olhou. A menina o olhava com os olhos brilhando, esperando por
uma resposta.
— Bom... Você gostou nela, não é? — ela assentiu — Então, por mim tudo bem.
— Não foi isso que eu te perguntei! — Julia resmungou. Arthur revirou os olhos e riu
baixinho. Sua filha era insistente demais. — Achou ela bonita? Ah vai papai... Diz que a Lua
não é a mulher mais linda que você já viu depois da mamãe.
Arthur viu a imagem da noite anterior em sua mente. Não estava exatamente claro para que
ele pudesse vê-la muito bem. Mas sim, Lua era a mulher mais linda que ele já havia visto
depois da esposa. Ela possuía um brilho especial nos olhos, e mais do que isso... Era a primeira
mulher por quem se sentira realmente atraído. Mas não a conhecia realmente para sair tirando
conclusões.
— Sim filha, ela é mesmo muito bonita.
— Pai... Você não tem achado a vovó meio cansada? Sabe... Ela já está ficando velhinha e eu
sou muuuuuuuito danada. Pelo menos é o que ela sempre diz! Por que não a damos uma folga?
Acho que Lua ficaria feliz em ter um emprego permanente. Trabalharia aqui todos os dias e...
— Dá pra você ser menos adulta? Meu Deus! Parece que estou conversando com uma colega de
trabalho. — Julia revirou os olhos e sorriu — Tudo bem. Tudo bem vamos falar com Lua.
A menina sorriu e correu até o pai aninhando-se em seus braços. Não havia nada que Arthur
gostasse mais do que fazer sua garotinha feliz. 

Capitulo 7


— Você é solteira? — Lua arqueou as sobrancelhas.
— Essa pergunta é mesmo necessária? — perguntou.
— Claro que sim! — Lua sorriu e revirou os olhos. Ainda não entendia qual era a pretensão de
Julia com aquela pergunta.
— Atualmente sim... Sou solteira.
— Você gosta de homens de cabelos castanhos e que usam ternos? — novamente Lua ergueu uma
sobrancelha.
— Ahn... Acho que sim.
— E de homens que tenham filhas, você gosta?

Finalmente ela pegara os pensamentos da menina que esperava por uma resposta Lua se levantou
da mesa e fez a volta. 


— Vem aqui Ju. — disse pegando-a pela mão e caminhando com ela em direção ao jardim que havia
atrás da piscina. 

O jardim era enorme, claramente projetado por um paisagista.Lua se sentou em um pequeno
banco de madeira e puxou a garota para o seu colo aninhando-a nos braços.

— Eu sei o que você está fazendo, querida. Mas as coisas não são assim. Quero dizer, você não
pode ir simplesmente bancando o cupido para o seu pai. Entende? Se apaixonar... — ela suspirou
tentando achar as palavras certas — Bom, é complicado. Simplesmente acontece. Não se pode forçar isso.
— Mas Lua... Ele precisa de uma namorada. Ele se sente sozinho... — Julia choramingou.
— Ele... Ou você? — ela não respondeu escondendo o rostinho entre os cabelos de Lua.
— Ah querida... Eu sei que ela faz falta. Mas, você precisa ter um pouco de paciência. Tenho
certeza de que seu pai vai encontrar uma mulher que seja a melhor mãe para você.
— Mas eu queria você. — ela sussurrou. — Você me lembra ela...
Lua a apertou nos braços e beijou seus cabelos com carinho. Era muito fácil apegar-se a Julia
.
— Eu vou estar aqui, ok? Pode contar comigo para qualquer coisa... Mas por favor, não tente me
jogar para cima do seu pai. — ela disse fazendo uma careta.Julia riu baixinho e se aconchegou
mais aos braços quentes e tão maternos de Lua.

Capitulo 9 


Durante as semanas que se passaram Julia fora se apegando cada vez mais a Lua.
Arthur praticamente não parava em casa por conta do fechamento da empresa. Mal esbarrava
com Lua nas vezes em que estava por lá.
Após uma sexta-feira exaustiva de trabalho Arthur chegou em casa e jogou a pasta em
qualquer canto. Afrouxou a gravata do pescoço e jogou-se no sofá. Não havia barulho algum na
casa. De certo Julia já havia dormido e Lua junto com ela.


Levantou-se e subiu as escadas já tirando a camisa social de dentro da calça. Caminhou até o
quarto de Julia e viu que a mesma ressonava tranquilamente em sua cama. Fechou a porta e foi
até o quarto onde Lua dormia, mas não estava lá. Foi então que escutou um barulho vindo do
lado de fora, mais precisamente na piscina.

Quando chegou até lá viu Lua sentada na beirada completamente ensopada enquanto secava o
rosto com uma toalha.

— Lua? — ela se virou assustada ao ouvi-lo chamar por seu nome.
Arthur perdeu a fala quando a viu se levantar vestindo uma regata branca – que estava
completamente transparente por estar molhada – e um short-calcinha azul bebê.
— Ai! Desculpa... A Juju dormiu e eu achei que não fizesse mal se eu viesse dar um mergulho...
ela dizia nervosamente enquanto pegava a calça jeans e a vestia ás pressas.
— Tudo bem Lua. Sério, não há problema algum em você dar um mergulho. — ele disse engolindo em
seco. Tudo o que queria era que ela cobrisse aquela camiseta molhada. — Por que não se seca?
Vou fazer um café. 



Capitulo 10


* POV Lua. 

— Visita? Que visita? — Julia perguntou enquanto se enrolava em uma toalha após o banho.
— Eu não sei Ju. Ele não disse. Mas, acho que você vai gostar. — um sorriso iluminou o
rostinho redondo Julia.


Levei-a para seu quarto e a ajudei a se vestir. Escolhemos juntas um vestido branco rodado e
um par de sapatilhas prateadas que ela havia ganhado da avó. Enquanto penteava seus cabelos ela
não parava de tagarelar um segundo se quer. No meio da conversa senti-me preocupada. É claro que
eu sabia que Arthur planejava trazer alguma mulher para casa, aquilo estava óbvio após
nossa curta conversa na cozinha. No entanto Julia apenas chutava parentes. Como a irmã de sua
falecida mãe que ela não via há muito tempo ou a irmã de seu pai que a obrigava a ver desenhos
da Barbie.
Talvez eu estivesse errada. Talvez Julia ainda não estivesse de fato pronta para aceitar
qualquer mulher na vida de seu pai. E na verdade ela realmente não merecia qualquer mulher.
A mulher que entrasse por aquela porta teria que saber conquistá-la.Julia era uma pessoinha
muito especial.

— ...aí a louca da Tia Sophia me fez vestir um vestido toooodo rosa! E pra completar uma
bolsinha
rosa na forma de um poodle! — ri com a indignação em sua voz apesar de não estar verdadeiramente
prestando atenção nas coisas que ela falava.
Penteei seus cabelos e passei por ele uma fita Branca de cetim como uma tiara.
— Está maravilhosa. Quem quer que seja vai querer te colocar um laço e a levar para casa.
— Desde que não seja a insana da minha tia... — ela gargalhou com as mãozinhas na barriga.
— Estou louca para conhecer essa tal tia de quem você tanto fala Ju. Agora escove os dentes.
Seu pai já deve estar chegando.



Capitulo 11


Julia estava inquieta andando de um lado para outro na sala de estar. Eu estava segurando uma
revista enquanto a observava.

— Você vai acabar com a sola das sapatilhas. — disse ainda fingindo ler a revista.
Ela bufou com impaciência e cruzou os braços. A campainha finalmente tocou fazendo-a correr
para abrir a porta.Arthur estava parado com um sorriso no rosto enquanto segurava o paletó
nas costas. 


Droga! Sempre me tirava o fôlego vendo-o chegar em casa afrouxando a gravata.
— PAI! CADÊ? QUEM É? QUEM VOCÊ TROUXE? — Julia pulou em cima de Arthur com as perguntas 

explodindo de sua boca. Ele riu e a beijou ternamente na bochecha.
Peguei minha bolsa que estava pronta em cima do sofá e me levantei. Não seria mais útil naquela
noite eu tinha mais o que fazer em casa.
— Calma baixinha! Ela está no carro. Louca para te conhecer.
— Ela? Ela quem? — Julia perguntou confusa. Então virou-se para mim. — Ah Lua você já vai?
Por que não fica para jantar conosco e a convidada?
— Desculpe amor. Tenho certeza de que será um momento familiar. E além do mais tenho algumas
coisas para fazer em casa. — ela fez aquele Bico que só ela sabia fazer e resmungou.
— Ta. Mas amanhã você tem que vir mais cedo pra eu poder te contar sobre... Sei lá, sobre essa
pessoa que eu não sei quem é. — eu ri e beijei sua testa antes de sair.
— Quer que eu te leve? — Arthur perguntou colocando-a no chão.
— Não será necessário sr. Agu... — ele fez uma careta antes que eu acabasse — Arthur...
Já chamei um táxi. Obrigado. — olhei para Julia mais uma vez — Comporte-se hein! Até amanhã.

Quando saí olhei de esguelha para o carro que estava com a luz acesa. Vi uma mulher sentada no
banco do carona enquanto retocava a maquilagem. Eu não estava errada no final das contas.